QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM DOENÇA RENAL CRÔNICA DIALÍTICA À LUZ DA LITERACIA: UM ESTUDO OBSERVACIONAL
Doença Renal Crônica, Literacia em saúde, diálise.
A doença Renal Crônica (DRC) é definida como uma lesão renal que ocorre de maneira silenciosa, progressiva e irreversível comprometendo o funcionamento adequado dos rins. A DRC tem se tornado um importante problema para a saúde pública devido à elevada morbimortalidade e também por repercutir em mudanças que impactam negativamente na qualidade de vida (QV), tanto das pessoas acometidas como dos familiares. Assim, a literacia se torna uma ferramenta interessante para mapear os aspectos inerentes à QV das pessoas com DRC. Objetivou-se realizar o mapeamento dos níveis de literacia em saúde dos indivíduos com DRC dialítica atendidos no Centro de Hemodiálise localizado na cidade de Cajazeiras, sertão paraibano. Foi realizado estudo transversal, quantitativo com pessoas portadoras de DRC dialítica atendidos no Centro de Hemodiálise de Cajazeiras-PB (HRC), em Cajazeiras-PB, utilizando um questionário semiestruturado contendo dados sociodemográficos; e a justaposição dos dois questionários European Health Literacy Survey Questionaire (HLS-EU-Q) e o Short-Form Health Survey-36. Posteriormente, os dados foram tabulados e analisados no Programa Epi-info. 7.2.6.0. Dos 54 participantes do estudo, a maioria foram do sexo masculino (61,1%), casados ou em união estável (55.56%) com ensino fundamental completo (46.3%). Cerca de 46% possuíam renda de um salário mínimo, e 29,63% trabalhavam 8 horas diárias. Quanto ao setor de trabalho, a maioria (22,22%) eram agricultores, e 14,81% eram aposentados. Aproximadamente 82% apresentavam algum tipo de comorbidades, sendo a hipertensão arterial sistêmica a de maior prevalência (70,37%), seguida do diabetes mellitus (29,63%). A maioria era sedentária (61,11%), e nunca seguem orientações médicas 51.85%. Quanto à literacia em saúde, mais da metade (51,85%) sentia dificuldade em obter informações sobre os sintomas da doença e 46,3% declararam não saber o que fazer em caso de emergência médica. Cerca de 61% não entendem as orientações do médico, embora 66,67% tenha facilidade para ministrar a medicação. A maioria (53,70%) referiu dificuldades em chamar uma ambulância e 70,37% tem dificuldade de seguir orientações do médico/farmacêutico. Quanto à saúde física/emocional, 46,3% tem dificuldade em lidar com o stress/doença psicológica e 55,59% sente dificuldade em praticar esporte que exige esforço. A maioria relatou não ter dificuldade em subir vários lances de escadas e de realizar atividades como tomar banho e vestir-se sem ajuda. Portanto, os participantes deste estudo enfrentaram diversos desafios referentes à saúde física e emocional, pois além da DRC apresentam diversas morbidades associadas. O nível de literacia foi inadequado o que pode impactar negativa no convívio com a doença e promover piores escores de QV.