Protagonismo feminino e educação popular: uma análise dos princípios do Bem Viver no Quilombo de Arrudas em Araripe – Ceará
Comunidade Quilombola. Bem Viver. Protagonismo Feminino. Pedagogia do Quilombo. Educação Popular.
Esta pesquisa, cujo título é Protagonismo Feminino e Educação Popular: Uma Análise dos Princípios do Bem Viver no Quilombo de Arrudas Em Araripe – Ceará, tem como objetivo geral analisar o protagonismo das mulheres da Comunidade Quilombola do Sítio Arruda em Araripe – Ceará, e a constituição de suas práticas comunitárias como princípios do Bem Viver. Nesse sentido, cabe analisar a especificidade da dinâmica social quilombola do Sítio Arruda e a participação feminina no interior das práticas constituídas localmente, seja na preservação de elementos concernentes ao patrimônio cultural em suas conexões históricas com a ancestralidade, seja no próprio engajamento e protagonismo feminino em torno do processo de conscientização política e autorreconhecimento como comunidade quilombola e, consequentemente, nas formas de estruturação da organização política da comunidade. Nessa perspectiva, apreendemos a dimensão prática do conceito de Bem Viver na sociabilidade quilombola do Arruda a fim de verificar o potencial humanizador e emancipador de uma via de desenvolvimento sustentável local radicada em parâmetros comunitários, solidários e cooperativos, antagônica à noção hegemônica de desenvolvimento centrada na acumulação de capital e redução da vida ao aspecto da mercadoria. Por tal potencial, deslocamos a análise para o campo da educação, pois entende-se aqui que a dinâmica social específica do quilombo, com uma história própria, demanda uma pedagogia que respeite toda a produção da cultura, formas de saber e perspectivas de mundo de lastros ancestrais. É aqui que a pedagogia do quilombo se situa como o componente pedagógico-formativo em convergência com os elementos mais significativos, materiais, simbólica e linguisticamente, de uma determinada comunidade quilombola. Nesse deslocamento e a partir dessas diretrizes traçadas, apontamos para possíveis articulações entre a pedagogia do quilombo e uma possibilidade efetiva de experiência em educação popular. Em se tratando de um trabalho dissertativo estruturado na forma de artigos, torna-se necessário ressaltar que a culminação da pesquisa não se deu a partir de uma somatória das partes, mas sob um verniz sistemático no tratamento do objeto, ou seja, os caminhos teórico-metodológicos forneceram concisão e objetividade ao arremate da proposta. Assim, no primeiro artigo, procuramos dar inteligibilidade ao conceito de Bem Viver inserindo-o no contexto social das mulheres quilombolas na comunidade de Arrudas. A discussão ganha um desdobramento lógico no segundo artigo, quando o estatuto quilombola é analisado de forma sistemática a fim de se entender com profundidade a especificidade da sociabilidade quilombola. No terceiro artigo, a acentuação prática dos princípios do Bem Viver torna-se latente a partir das narrativas femininas cuja dinâmica social da Comunidade Quilombola do Arruda como forma de vida carrega territorialidade e ancestralidade e demanda uma pedagogia específica, além de ser um terreno fértil para uma pedagogia que emerja do próprio repertório cultural da comunidade, o que nos permite estabelecer uma relação entre pedagogia do quilombo e os parâmetros da educação popular.