INFLUÊNCIADO USO EOCUPAÇÃO DOSOLO NA CONTAMINAÇÃODE SEDIMENTOSPORMETAIS-TRAÇOEMSUB- BACIAS DE REGIÕES DE CLIMA TROPICAL QUENTE SEMIÁRIDO
Sedimentos de leito; índice de contaminação/enriquecimento; ação antrópica.
Os sedimentos fluviais refletem as características mineralógicas e geológicas específicas das bacias de drenagem a que pertencem, e atuam como receptores de poluentes oriundos do uso e ocupação do solo. Essa condição pode comprometer a qualidade e a disponibilidade dos recursos hídricos para diversos usos. Este estudo propôs adaptar um índice de contaminação por metais-traço em sedimentos de leitos fluviais em sub-bacias do Carir cearense, correlacionando-o aos diferentes níveis de antropização das áreas adjacentes. Foram utilizados dados secundários de concentrações de cobre, cromo, ferro, manganês, níquel, chumbo e zinco, obtidos a partir de amostras coletadas em 17 pontos distribuídos ao longo do rio Batateira (06) e dos riachos dos Macacos (08) e das Timbaúbas (02), abrangendo áreas com distintos graus de interferência humana, e um ponto situado na nascente do rio Granjeiro, no município do Crato, como referência e sem interferência antrópica. A análise do uso e ocupação do solo foi realizada por sensoriamento remoto, com aplicação de classificação supervisionada. Os resultados indicaram que diversos pontos excederam os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA no 454/12, em relação ao cromo, cobre e níquel, com níveis elevados fortemente vinculados a atividades industriais, como curtumes e fabricação de semijoias. O ferro e o manganês apresentaram valores acima do valor de background, sugerindo influência combinada de fatores geológicos e antrópicos. O índice de contaminação variou de ausente a extremo, sendo os níveis mais elevados registrados em áreas com maior urbanização e uso agropecuário. Regiões próximas à nascente do rio Batateiras apresentaram ausência de poluição, enquanto a contaminação se intensificou nas proximidades do exutório, especialmente no nordeste da sub-bacia, onde a antropização é mais acentuada. A análise da evolução do uso do solo entre os anos de 2013 e 2019 revelou significativa redução da cobertura por vegetação herbácea e arbustiva, acompanhada por um expressivo aumento das áreas destinadas à agropecuária. Destaca-se que, a intensificação da pecuária, em especial a criação de caprinos, ovinos e suínos, contribuiu para o aumento da carga poluente nos cursos d’água. Este estudo revela a urgência de políticas públicas voltadas à conservação ambiental, práticas sustentáveis de manejo do solo e tratamento adequado de efluentes, como formas de mitigar os impactos da contaminação e promover a preservação dos recursos hídricos na região.