DESENVOLVIMENTO DA PITAYA (HYLOCEREUS COSTARICENSIS) SOB CULTIVO BIOSSALINO E CONDIÇÕES DE SOMBREAMENTO EM REGIÃO SEMIÁRIDA
Fruta do Dragão; Estresse Abiótico; Fruticultura.
A pitaya (Hylocereus costaricensis), planta da família Cactaceae com metabolismo fotossintético do tipo CAM, destaca-se como uma espécie promissora por sua elevada tolerância a estresses abióticos. Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos de diferentes níveis de salinidade da água de irrigação (0, 2,5, 5,0, 7,5 e 10 dS m⁻¹) sobre o desenvolvimento inicial da pitaya cultivada sob duas condições de luminosidade: pleno sol e sombreamento de 50%. O experimento foi conduzido ao longo de 12 meses em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 × 5 (dois ambientes × cinco níveis de salinidade), com quatro repetições e duas plantas por parcela. Foram realizadas avaliações não destrutivas aos 90, 180, 270 e 365 dias após o início da aplicação dos tratamentos, considerando variáveis morfofisiológicas como número de cladódios (NC), somatório do comprimento de cladódios (SCC), diâmetro médio dos cladódios (DMC) e diâmetro médio das costilhas (DMCOS). Ao final do ciclo, foram feitas análises destrutivas envolvendo a determinação da massa fresca e seca dos cladódios, comprimento e massa seca do sistema radicular, teores de sódio (Na) e potássio (K), além dos conteúdos de clorofila a, b, total e carotenoides, com base em metodologias consolidadas. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F (p ≤ 0,05), com comparações de médias pelo teste de Tukey e análise de regressão para os efeitos da salinidade. Além disso, empregou-se a Análise de Componentes Principais (PCA) para investigar padrões multivariados entre pigmentos e íons. Os resultados demonstraram que tanto a salinidade quanto as condições de luminosidade influenciaram significativamente o crescimento da pitaya, com interações distintas ao longo do tempo. Nos primeiros meses, o sombreamento atenuou os efeitos do estresse salino, favorecendo o alongamento e a espessura dos cladódios. Entretanto, a partir dos seis meses, plantas cultivadas a pleno sol apresentaram maior acúmulo de biomassa e melhor desempenho radicular, mesmo sob níveis elevados de salinidade, indicando possível adaptação fisiológica ao estresse prolongado. As análises estruturais mostraram que a pitaya ajusta sua morfologia em resposta às condições ambientais adversas, especialmente sob salinidades moderadas. Já os dados bioquímicos revelaram que o acúmulo de Na⁺ reduziu a eficiência fotossintética, evidenciada pela queda nos teores de pigmentos, principalmente sob alta radiação solar. Por outro lado, o ambiente sombreado preservou os pigmentos fotossintéticos, sugerindo vantagem fisiológica nas fases iniciais do cultivo. Conclui-se que H. costaricensis apresenta elevada tolerância à salinidade nas condições avaliadas, com desempenho satisfatório até 5,0 dS m⁻¹. O uso de sombreamento pode ser benéfico nos estágios iniciais, enquanto o pleno sol favorece o acúmulo de biomassa em fases mais avançadas. Os achados reforçam o potencial da pitaya como cultura viável em regiões semiáridas, mesmo com uso de águas salinas, desde que associada a estratégias de manejo adequadas ao ciclo fenológico da planta. Recomenda-se a continuidade de estudos envolvendo a fase reprodutiva e a avaliação de diferentes genótipos e práticas de manejo, visando consolidar o cultivo sustentável da espécie em ambientes com restrição hídrica e salina.