MICROPLÁSTICOS EM LODO E BIOSSÓLIDO DE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTO DE UMA REGIÃO METROPOLITANA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO
Contaminantes emergentes. Polímeros. Economia Circular. Sustentabilidade.
As Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) devem ser reconsideradas como centros de valorização de recursos, dado que os resíduos humanos contêm nutrientes, metais e materiais orgânicos valiosos. Contudo, o lodo de esgoto, além de ser uma fonte de nutrientes, apresenta desafios ambientais devido à presença de contaminantes, especialmente os emergentes como microplásticos (MPs), cuja poluição tem gerado crescente preocupação. Nessa perspectiva, este estudo tem como objetivo quantificar e caracterizar microplásticos em lodos de ETEs na Região Metropolitana do Cariri, Ceará, no contexto do Semiárido Brasileiro, visando produzir insights para a preservação ambiental e a promoção da Economia Circular. Para isso, amostras de lodo de unidades de tratamento biológico e biossólidos secos de leitos de secagem, estabilizados com cal, foram coletadas e submetidas a procedimentos de extração de microplásticos. A confirmação foi realizada por Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FT-IR) e visualização em estereomicroscópio e Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). As quantificações resultaram em aproximadamente 154,1.10-3 (LA 1), 37,3.10-3 (UASB 1), 23,4.10-3 (UASB 2), 45,6.10-3 (UASB 3), 30,1.10-3 (UASB 4), 29,7.10-3 (UASB 5), 76,4.10-3 (BIO 1) e 72,1.10-3 (BIO 2) item/kg peso seco (DW). Foram identificadas 13 colorações distintas (vermelho, azul, preto, amarelo, verde, branco, marrom, cinza, laranja, transparente, bege, lilás e rosa), sendo o Polietileno (PE) e o Poliuretano (PU) os polímeros mais abundantes. As imagens de MEV revelaram fibras, sugerindo a geração de outros microplásticos e possivelmente nanoplásticos pela ruptura de polímeros maiores. Esses achados fornecem dados relevantes para a compreensão da magnitude desse problema em regiões semiáridas, pouco exploradas nesse tipo de pesquisa. A composição química dos microplásticos identificados reforça a preocupação com sua persistência e potencial contaminação de ecossistemas aquáticos e solos, especialmente quando o lodo é utilizado na agricultura. Além disso, a fragmentação observada nas partículas de microplásticos, que podem dar origem a nanoplásticos, ressalta a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa no manejo de biossólidos, dado o impacto ambiental de longuíssimo prazo.