CIRANDA FILOSÓFICA: UMA ABORDAGEM NÃO EU ROCENTRADA E CONTRACOLONIAL A PARTIR DA ESCOLA EEP AFREDO NUNES DE MELO (ACOPIARA-CE)
Filosofia; Etnoeducação; Contracolonialidade; Epistemologias afro indígenas; Ancestralidade
Esta pesquisa apresenta uma proposta pedagógica de ensino de Filosofia no Ensino Médio, ancorada na Etnoeducação, nas epistemologias indígenas e afro-brasileiras e em um pensamento filosófico não Eu-rocentrado. Desenvolvida com estudantes da 1ª série da Escola Estadual de Educação Profissional Alfredo Nunes de Melo, em Acopiara-CE, a proposta busca responder à seguinte indagação central: quais são os potenciais impactos socioeducacionais resultantes da inserção das temáticas étnico-raciais no ensino de Filosofia? Além disso, o trabalho é impulsionado por outras perguntas que atravessam a prática pedagógica e orientam os caminhos investigativos: de que maneira os espaços de debate nas aulas de Filosofia podem contribuir para a superação do racismo? E ainda: quais são as estratégias adequadas para fortalecer o diálogo entre os jovens sobre essas questões? A proposta se alinha à Lei nº 11.645/08, compreendida aqui como uma ação político pedagógica fundamental para a reconstrução de práticas filosóficas em chave de resistência, memória e pertencimento. Tem como objetivo geral promover uma educação filosófica antirracista, que valorize as epistemologias afro-indígenas e incentive o protagonismo estudantil. Entre os objetivos específicos, destacam-se: desenvolver práticas pedagógicas inspiradas nas culturas originárias; implementar metodologias ativas que favoreçam a escuta e a oralidade; articular os saberes escolares com os territórios e vivências dos sujeitos envolvidos; e transformar o ambiente escolar em um espaço de discussões contínuas sobre identidade, diversidade cultural e equidade social. A fundamentação teórica é composta por autoras e autores cujas obras orientam uma educação crítica, ancestral e contracolonial: Ailton Krenak e Nego Bispo (pensamento indígena e crítica à colonialidade epistêmica); Sueli Carneiro (epistemicídio e resistência negra); Djamila Ribeiro (ativismo intelectual e letramento racial); Paulo Freire (educação libertadora); Daniel Munduruku (identidade e oralidade indígena); Boaventura de Sousa Santos (ecologia de saberes); e Adilbenia Machado (pedagogias da ancestralidade). Inspirada na metodologia da ciranda, símbolo de saberes em movimento, continuidade e partilha, a experiência pedagógica cria um espaço circular, afetivo e horizontal, no qual o conhecimento emerge do encontro, da escuta e do reconhecimento das ancestralidades presentes no território e nos corpos dos sujeitos envolvidos. A dissertação está organizada em quatro capítulos que se entrelaçam como uma ciranda, girando em torno da urgência de descolonizar o ensino de Filosofia e de afirmar os saberes ancestrais no contexto educacional.