A INFORMAÇÃO MUSICAL CONSTRUTORA DA IDENTIDADE AFRODESCENDENTE: O FUNK COMO FENÔMENO CULTURAL, SOCIAL E POLÍTICO E SUA CRIMINALIZAÇÃO
Funk; Informação Musical; Afrodescendente; Biblioteconomia.
O Funk é um movimento musical, cultural, político e social, oriundo das favelas da
cidade do Rio de Janeiro. O fenômeno traz em seu contexto práticas culturais
produzidas majoritariamente pela população pobre e negra, pois nasceu e se
desenvolveu nas comunidades cariocas, abordando a pobreza e a violência vivenciadas
por aquele povo. A presente investigação discute não só a problemática sociojurídica do
Funk e sua criminalização, mas, sobretudo, os aspectos conceituais e epistemológicos
da informação conexas ao movimento funkeiro, com vistas a esclarecer que a
informação musical presente no Funk é um fruto e, ao mesmo tempo, instrumento
impulsionador da construção da identidade coletiva afrodescendente. O problema
consiste no seguinte questionamento: Qual a contribuição do Funk como movimento
social, político e cultural em contraponto à tentativa de criminalização no contexto do
papel crítico da Biblioteconomia contemporânea? A hipótese apresentada elucida que o
Funk contribui como manifestação que emana do povo de ordem social, política e
cultural, uma vez que seu nascedouro de cunho popular abrange vivências coletivas. A
pretensão por sua ilicitude está ligada ao racismo com a população negra, sobretudo,
favelada. Nesse contexto, a Biblioteconomia pode exercer um papel de excelência
quando da mediação da informação presente no Funk e disseminada à população. O
projeto tem como objetivo geral discutir o processo de construção coletivo da
identidade afrodescendente a partir da informação musical presente no Funk. Enquanto
os objetivos específicos são: identificar, através de uma abordagem histórica,
sociológica e comparativa que o Funk é um movimento artístico e cultural, como
também compreender a motivação da sociedade e do Poder Público em criminalizar o
Funk. A metodologia é de cunho exploratório, descritivo e bibliográfico, sendo
empregados os métodos dialético, histórico e comparativo. Houve uma coleta de dados
junto a plataforma digital KondZilla, o maior canal de música de periferia do YouTube,
cujo recorte quantitativo são os videoclipes publicados com mais de 270 milhões de
visualizações, levantamento que foi atualizado até o dia 15 de abril de 2020, sendo
recuperados 20 registros que serão verificados pelo método de análise de conteúdo. O
produto será a confecção de uma cartilha, intitulada: ‘Funk, educar ou criminalizar?’.
Nela serão trabalhadas as perspectivas músicas narradas com um caráter educativo,
elucidando pontos importantes da pesquisa.