A INFORMAÇÃO MUSICAL CONSTRUTORA DA IDENTIDADE AFRODESCENDENTE: o funk como fenômeno cultural e sua pretensa criminalização.
Funk; Informação Musical; Afrodescendente; Biblioteconomia.
O Funk é um movimento musical, cultural, político e social, oriundo das favelas da cidade do
Rio de Janeiro. O fenômeno traz em seu contexto práticas culturais produzidas majoritariamente
pela população pobre e negra, pois nasceu e se desenvolveu nas comunidades cariocas,
abordando a pobreza e a violência vivenciadas por aquele povo. A presente investigação discute
não só a problemática sociojurídica do Funk e sua criminalização, mas, sobretudo, os aspectos
conceituais e epistemológicos da informação conexas ao movimento funkeiro, com vistas a
esclarecer que a informação musical presente no Funk é um fruto e, ao mesmo tempo,
instrumento impulsionador da construção da identidade coletiva afrodescendente. Os problemas
consistem nos seguintes questionamentos: o Funk é um movimento cultural? Por que parte da
sociedade e o Poder Púbico pretendem criminalizá-lo? Qual seria o papel da Biblioteconomia na
disseminação desta informação musical nos espaços urbanos e no ciberespaço? As hipóteses
apresentadas elucidam que o Funk é de fato um fenômeno cultural, pois surge da ação humana
simbólica de interpretar o mundo. Entendemos que a pretensão por sua ilicitude está ligada a
pontos específicos, como o preconceito e o racismo para com a população negra e favelada.
Pautamos que a Biblioteconomia pode exercer um papel de excelência na mediação da
informação presente no Funk e disseminada à população. O projeto tem como objetivo geral
discutir o processo de construção coletivo da identidade afrodescendente a partir da informação
musical presente no Funk, através da Teoria da Individuação de Gilbert Simondon. Enquanto os
objetivos específicos são: identificar, através de uma abordagem histórica, sociológica e
comparativa que o Funk é um movimento artístico e cultural, como também compreender a
motivação da sociedade e do Poder Público em criminalizar o Funk. A metodologia é de cunho
exploratório, descritivo e bibliográfico, sendo empregados os métodos dialético, histórico e
comparativo. Houve uma coleta de dados junto a plataforma digital KondZilla, o maior canal de
música de periferia do YouTube, cujo recorte temporal são os videoclipes publicados entre
janeiro de 2016 a março de 2019, com mais de 200 milhões de visualizações, sendo recuperados
30 registros que serão analisados por bibliometria. O produto final será a confecção de uma
cartilha, intitulada: ‘Funk, educar ou criminalizar?’. Nela serão trabalhadas as perspectivas músicas narradas com um caráter educativo, elucidando pontos importantes da pesquisa.